(ENEM PPL - 2019) A linguagem uma grande fora de socializao, provavelmente a maior que existe. Com isso no queremos dizer apenas o fato mais ou menos bvio de que a interao social dotada de significado praticamente impossvel sem a linguagem, mas que o mero fato de haver uma fala comum serve como um smbolo peculiarmente poderoso da solidariedade social entre aqueles que falam aquela lngua. SAPIR, E. A linguagem. So Paulo: Perspectiva, 1980. O texto destaca o entendimento segundo o qual a linguagem, como elemento do processo de socializao, constitui-se a partir de uma
(ENEM PPL - 2019) Para dar conta do movimento histrico do processo de insero dos povos indgenas em contextos urbanos, cuja memria reside na fala dos seus sujeitos, foi necessrio construir um mtodo de investigao, baseado na Histria Oral, que desvelasse essas vivncias ainda no estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relaes de fronteira da decorrentes. A partir da histria oral foi possvel entender a dinmica de deslocamento e insero dos ndios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem como perceber os entrelugares construdos por estes grupos tnicos na luta pela sobrevivncia e no enfrentamento da sua condio de invisibilidade. MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indgena terena nos entrelugares da fronteira urbana. Patrimnio e Memria, n. 1, 2008. O uso desse mtodo para compreender as condies dos povos indgenas nas reas urbanas brasileiras justifica-se por
(ENEM PPL - 2019) Lembro, a propsito, uma cerimnia religiosa a que assisti na noite de Santo Antnio de 1975 quando presente a uma festa em honra do padroeiro. Ia a coisa assim bonita e simples, at que, recitadas as cinco dezenas de ave-marias e os seus padre-nossos, chegou a hora do remate com o canto da salve-rainha. O capelo comeou a entoar nesse instante hino Virgem, em latim Salve Regina, mater misericordiae, e, o que eu estranhei, foi seguido de pronto sem qualquer hesitao pelos presentes. Depois veio o espantoso para mim: a reza, tambm entoada, de toda a extensa ladainha de Nossa Senhora igualmente em latim. Eu olhava e no acabava de crer: aqueles caboclos que eu via mourejando de serventes nas obras do bairro estavam agora ali acaipirando lindamente a poesia medieval do responso. BOSI, A. Dialtica da colonizao. So Paulo: Cia. das Letras, 1992. O estranhamento do autor diante da cerimnia relaciona-se ao encontro de temporalidades que
(ENEM PPL - 2019) O frevo uma forma de expresso musical, coreogrfica e potica, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco. O frevo formado pela grande mescla de gneros musicais, danas, capoeira e artesanato. uma das mais ricas expresses da inventividade e capacidade de realizao popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de promover a criatividade humana e tambm o respeito diversidade cultural. No ano de 2012, a Unesco proclamou o frevo como Patrimnio Imaterial da Humanidade. PORTAL BRASIL. Disponvel em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2013. A caracterstica da manifestao cultural descrita que justifica a sua condio de Patrimnio Imaterial da Humanidade a
(ENEM PPL - 2019) As crianas devem saudar as pessoas distintas, os professores e senhoras conhecidas que encontrarem, que elas no se negaro a corresponder. No devem empurrar ningum nem cortar o passo dos transeuntes. No escrever nas paredes e portas coisa alguma. Nunca atirar pedras. No atirar cascas de frutas no cho, o que pode ser motivo de desastres gravssimos. Nunca fitar de propsito os olhos sobre pessoas aleijadas ou rir-se de algum defeito fsico do prximo. A Imprensa, n. 67, 27 abr. 1914. O discurso sobre a infncia, veiculado pelo jornal no incio do sculo XX, visava a promoo de
(ENEM PPL - 2019) O feminismo teve uma relao direta com o descentramento conceitual do sujeito cartesiano e sociolgico. Ele questionou a clssica distino entre o dentro e o fora, o privado e o pblico. O slogan do feminismo era: o pessoal poltico. Ele abriu, portanto, para a contestao poltica, arenas inteiramente novas: a famlia, a sexualidade, a diviso domstica do trabalho etc. HALL, S. A identidade cultural na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DPA, 2011 (adaptado). O movimento descrito no texto contribui para o processo de transformao das relaes humanas, na medida em que sua atuao
(ENEM PPL - 2019) O conhecimento sempre aproximado, falvel e, por isso mesmo, suscetvel de contnuas correes. Uma justificao pode parecer boa, num certo momento, at aparecer um conhecimento melhor. O que define a cincia no ser ento a ilusria obteno de verdades definitivas. Ela ser antes definvel pela prevalncia da utilizao, por parte dos seus praticantes, de instrumentalidades que o campo cientfico forjou e tornou disponveis. Ou seja, cada progresso no conhecimento que mostre o carter errneo ou insuficiente de conhecimentos anteriores no remete estes ltimos para as trevas exteriores da no cincia, mas apenas para o estgio de conhecimentos cientficos historicamente ultrapassados. ALMEIDA, J. F. Velhos e novos aspectos da epistemologia das cincias sociais. Sociologia: problemas e prticas, n. 55, 2007 (adaptado). O texto desmistifica uma viso do senso comum segundo a qual a cincia consiste no(a)
(ENEM PPL - 2019) amplamente conhecida a grande diversidade gastronmica da espcie humana. Frequentemente, essa diversidade utilizada para classificaes depreciativas. Assim, no incio do sculo, os americanos denominavam os franceses de comedores de rs. Os ndios kaapor discriminam os timbiras chamando-os pejorativamente de comedores de cobra. E a palavra potiguara pode significar realmente comedores de camaro. As pessoas no se chocam apenas porque as outras comem coisas variadas, mas tambm pela maneira que agem mesa. Como utilizamos garfos, surpreendemo-nos com o uso dos palitos pelos japoneses e das mos por certos segmentos de nossa sociedade. LARAIA, R. Cultura: um conceito antropolgico. So Paulo: Jorge Zahar, 2001 (adaptado). O processo de estranhamento citado, com base em um conjunto de representaes que grupos ou indivduos formam sobre outros, tem como causa o(a)
(ENEM PPL - 2019) O esprito humano controla as mquinas cada vez mais potentes que criou. Mas a lgica dessas mquinas artificiais controla cada vez mais o esprito dos cientistas, socilogos, polticos e, de modo mais abrangente, todos aqueles que, obedecendo soberania do clculo, ignoram tudo o que no quantificvel, ou seja, os sentimentos, sofrimentos, alegrias dos seres humanos. Essa lgica assim aplicada ao conhecimento e conduta das sociedades, e se espalha em todos os setores da vida. MORIN, E. O mtodo 5: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2012 (adaptado). No contexto atual, essa crtica proposta por Edgar Morin se aplica
(ENEM PPL - 2019) Uma parte da nossa formao cientfica confunde-se com a atividade de uma polcia de fronteiras, revistando os pensamentos de contrabando que viajam na mala de outras sabedorias. Apenas passam os pensamentos de carimbada cientificidade. A biologia, por exemplo, um modo maravilhoso de emigrarmos de ns, de transitarmos para lgicas de outros seres, de nos descentrarmos. Aprendemos que no somos o centro da vida nem o topo da evoluo. COUTO, M. Interinvenes. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado). No trecho, expressa-se uma viso potica da epistemologia cientfica, caracterizada pela
(ENEM PPL - 2019) Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mdia e pelos sistemas de comunicao interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos, lugares, histrias e tradies especficos e parecem flutuar livremente. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de ns), dentre as quais parece possvel fazer uma escolha. HALL, S. A identidade cultural na ps-modernidade. Rio de Janeiro: DPA, 2006. Do ponto de vista conceitual, a transformao identitria descrita resulta na constituio de um sujeito
(ENEM PPL - 2019) A importncia do conhecimento est em seu uso, em nosso domnio ativo sobre ele, quero dizer, reside na sabedoria. convencional falar em mero conhecimento, separado da sabedoria, como capaz de incutir uma dignidade peculiar a seu possuidor. No compartilho dessa reverncia pelo conhecimento como tal. Tudo depende de quem possui o conhecimento e do uso que faz dele. WHITHEHEAD, A. N. Os fins da educao e outros ensaios. So Paulo: Edusp, 1969. No trecho, o autor considera que o conhecimento traz possibilidades de progresso material e moral quando
(ENEM/PPL - 2018) Nas dcadas de 1860 e 1870, as escolas criadas ou recriadas, em geral, previam a presena de meninas, mas se atrapalhavam na hora de colocar a ideia em prtica. Na provncia do Rio de Janeiro, vrias tentativas foram feitas e todas malsucedidas: colocar rapazes e moas em dias alternados e, em 1874, em prdios separados. Para complicar, na Assembleia, um grupo de deputados se manifestava contrrio ao desperdcio de verbas para uma instituio desnecessria, e a sociedade reagia contra a ideia de coeducao. VILLELA, H. O. S. O mestre-escola e a professora. In: LOPES, E. M. T.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G. (Org.). 500 anos de educao no Brasil. Belo Horizonte: Autntica, 2003 (adaptado). As dificuldades retratadas estavam associadas ao seguinte aspecto daquele contexto histrico:
(ENEM/PPL - 2018) Temos vivido, como nao, atormentados pelos males modernos e pelos males do passado, pelo velho e pelo novo, sem termos podido conhecer uma histria de rupturas revolucionrias. No que no tenhamos nos modernizado e chegado ao desenvolvimento. Mas no eliminamos relaes, estruturas e procedimentos contrrios ao esprito do tempo. Nossa modernizao tem sido conservadora. NOGUEIRA, M. As possibilidades da poltica: ideias para a reforma democrtica do Estado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. O texto apresenta uma anlise recorrente sobre o processo de modernizao do Brasil na segunda metade do sculo XX. De acordo com a anlise, uma caracterstica desse processo reside na(s)
(ENEM/PPL - 2018) Os nveis de desigualdade construdos historicamente no se referem apenas a uma questo de mrito individual, mas falta de condies iguais de oportunidades de acesso a educao, trabalho, sade, moradia e lazer. As pesquisas mostram que h um grande abismo racial no Brasil, e as estatsticas, ao apontarem as condies de vida, emprego e escolaridade entre negros e brancos, comprovam que essa desigualdade fruto da estrutura racista, somada excluso social e desigualdade socioeconmica, que atinge toda a populao brasileira e, de modo particular, os negros. MUNANGA, K.; GOMES, N. L. Para entender o negro no Brasil de hoje: histria, realidades, problemas e caminhos. So Paulo: Global; Ao Educativa, 2004 (adaptado). O conjunto de aes adotado pelo Estado brasileiro, a partir da ltima dcada do sculo XX, para enfrentar os problemas sociais descritos no texto resultaram na